domingo, 26 de agosto de 2018

Esquadrilho 

Nos telhados 
escoam Araguaias 
Na chuva do dia anterior 
da quarta-feira que vem 
jazem flores 
que brotam do asfalto fértil 
arrancadas dos jardins 
de praias desconhecidas 
há rumores de escavadeiras 
e som de teclados 
tap-tap-tap
Na paulista 
o som do hino aos domingos 
dos daft punks renascidos 
da cerveja importada 
tardia
A preço de banana
eu piso uvas 
e presa a um coqueiro vertical 
dialogo 
com esse ser espiritual 
a cidade de São Paulo 
seus monges, seus fraques
seus frades 
suas bailarinas, suas purpurinas 
seus purpúreos pores de sol 
o corte seco das motos 
com seus malotes 
os motores envenenados 
de gasolina e álcool 
os carros em sua maioria 
estão de porre 
os donos em sua maioria 
estão de alarme 
é fantástico 
os telhados de São Paulo 
escoando a chuva milagrosa 
que não é encontrada no nordeste 
sem nordeste 
sul, centro, oeste, norte 
leme, vela 
barco aceso nos lagos artificiais 
que se comunicam com represas 
e os pássaros 
que reproduzem o som vernáculo 
tubérculo 
das feiras 
As feiras espaço de convergência 
os pinheiros, o vinho 
vou de calças dobradas 
para pisar uvas 
as ceasas 
as mulheres distintas  
respeitadas 
por entrada e saída 
do reino dos fantasmas 
o umbigo dos cães de correntinha 
perfumados 
Voltando aos telhados 
o trem passa e leva um pouco 
do sadismo matinal 
de imaginar umbigos 
espirituais 
e transitar sem véus
no céu 
o céu de São Paulo 
é um troféu 
de um passeio a cavalo 
um torneio 
uma partida de tênis 
uma pelada de futebol 
o céu de São Paulo 
os prédios firmamentos 
as sombras das nuvens 
o laboro 
São Paulo está sempre 
de bom humor 
São Paulo não é bipolar 
São Paulo não é brinquedo 
para um moleque brincar 
 
 

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