Uma resposta, dois vocábulos, um bocado de alegria
toda a força da física contida em apenas dois vocábulos
ainda se fala em falta de esperanças
A resposta de ontem foi dura:
-Não posso me submeter ao seu fogo - é certo.
Imunes da desgraça lamacenta
a rua é redefinida para uma pintura
são necessários dois vocábulos.
Tinha certeza que sim, que
se a rua está lamacenta serão necessários pés descalços
uma charrete, casco de cavalo
Amanheceu
inevitavelmente o sol subiu todas as cores para o topo do universo
esmaecido no quadro da sala, já quase sem cor
Eu sabia
no pretérito é um passado a mais
O sol vai arruinar essa casa
era tarde demais
para a elaboração de um processo criativo
que relativasse o seu sim e o seu não
derivando para a construção gramatical
desses dois vocábulos
Acendeu-se o dia, quebrada a cúpula mas não a lâmpada
E entenda-se por medo a proximidade que as palavras tem uma das outras
Lê-se outra coisa, quando queria ter lido aquilo
não outra coisa, mas o que ficou lido, foi
Dois vocábulos por dia é o que preciso
para galopar as montanhas, os pés de lama
as pernas tesas
comer mato e atravessar a lama te carregando no centro do sol.
Se eu decompor as rimas, esgarço a malha do teu destino
dissolva num café preto tomado pela manhã
a olhar o quadro já quase sem cor
Antes da solução de café havia o fogo incontinente
queima os grãos com as próprias mãos
pensa no que vai ler
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