terça-feira, 10 de novembro de 2015

A prensa

Uma resposta, dois vocábulos, um bocado de alegria
toda a força da física contida em apenas dois vocábulos  
ainda se fala em falta de esperanças
A resposta de ontem foi dura:  
-Não posso me submeter ao seu fogo - é certo.
Imunes da desgraça lamacenta
a rua é redefinida para uma pintura 
são necessários dois vocábulos. 
Tinha certeza que sim, que 
se a rua está lamacenta serão necessários pés descalços
uma charrete, casco de cavalo
Amanheceu 
inevitavelmente o sol subiu todas as cores para o topo do universo
esmaecido no quadro da sala, já quase sem cor 
Eu sabia
no pretérito é um passado a mais
 O sol vai arruinar essa casa
era tarde demais 
para a elaboração de um processo criativo 
que relativasse o seu sim e o seu não 
derivando para a construção gramatical 
desses dois vocábulos
Acendeu-se o dia, quebrada a cúpula mas não a lâmpada
E entenda-se por medo a proximidade que as palavras tem uma das outras
Lê-se outra coisa, quando queria ter lido aquilo 
não outra coisa, mas o que ficou lido, foi
 Dois vocábulos por dia é o que preciso 
para galopar as montanhas, os pés de lama 
as pernas tesas 
comer mato e atravessar a lama te carregando no centro do sol. 
Se eu decompor as rimas, esgarço a malha do teu destino
dissolva num café preto tomado pela manhã 
a olhar o quadro já quase sem cor
Antes da solução de café havia o fogo incontinente
queima os grãos com as próprias mãos 
pensa no que vai ler

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